Bebê sem cérebro

“Ela [filha] buscou pelos meios legais interromper a gravidez. Caminhamos contra o tempo e contra o povo. Agora, a minha neta morreu. Isso tudo foi uma injustiça”- Declaração da mãe de Brendha,19 anos, em Cuiabá.
Chamem os pastores, teólogos, padres, bispos, monges, rabinos, espíritas e até o papa, para realizarem o funeral da criança anencéfala, falecida na quarta-feira (11/04). As Igrejas são os redutos de cerimoniais fúnebres, elas cumprem bem este papel de reconforto etéreo diante da realidade última da vida; A morte. Neste aspecto, as religiões são embevecidas de palavras de conforto; “É um anjinho que passou”, “Deus sabe o que faz”, “Seja forte e espere em Deus”, enfim, um festival de desculpas que arrebanham milhares de acéfalos vivos através da fé “cega” e incondicional. A finalidade é secular e única: Manter o povo mergulhado na fé e jamais distante dos dogmas que garantem as contribuições e, desprovidos de senso crítico voltado à realidade da vida e dos problemas de uma sociedade doentia e endêmica. Este é o quadro social de nosso Brasil...
Sou contraditor e crítico incondicional do cristianismo. Consideram-me um anticristo na face da terra, não tenho medo em reconhecer o meu estado e condição; Já fui chamado de capeta, satanás, diabo, demônio e tantos outros títulos que me esqueço no momento. Todavia, nada me abala. Apenas afirmo: O cristianismo é um atraso humano de vida.
Vivo num país onde as LEIS RACIONAIS enraizadas no HOMEM SOCIAL são a medida de todas as coisas, todas as relações sociais. Antes pensamos na coletividade mediante aos mecanismos de controle de ordem política e social. Neste cenário, influências religiosas ficam num segundo plano nas decisões coletivas e o que importa é a LEI DO ESTADO. Aqui não temos sequestros, assassinatos frequentes que fujam ao controle da segurança pública, não têm crianças em escolas miseráveis, corrupções do governo “à moda brasileira”, massacres nas escolas “à bang-bang”, enfim, temos algo ainda maior: A Igreja e os templos pagam impostos e não enganam seus fiéis (que são poucos).
O povo japonês é Budista e o Budismo é uma religião ausente de um Deus regulador, aquele que diz o que você deve ou não fazer. O Budismo é uma religião onde as pessoas encontram a reflexão do próprio sofrimento, de seus atos e com isso observam a coletividade, não existindo milagres, tudo é causa e efeito dos atos humanos; devemos, portanto, cuidar dos atos ilícitos. O budismo é uma religião que higieniza o pensamento das pessoas, não existe perdão, promessas, castigos de desobediência a Deus, critérios absurdos de ressurreição, nascimento de filho de mulher virgem, enfim, criações fantásticas que enganam as pessoas. Diante disso, o povo japonês controla até a sua crença.
NÃO DEVEMOS INTERROMPER O NASCIMENTO, MAS...
Concordo, com ressalvas. Não sou a favor do aborto como a única medida de evitarmos uma gravidez indesejada, logo, temos vários métodos contraceptivos no mundo. Embora o Japão tenha o ABORTO liberado através da lei, milhares de mães dão à luz, a família é respeitada e planejada. Não existem campanhas que incentivem o aborto, mas, ele existe como medida de controle populacional e de saúde pública.
Diante disso,podemos imaginar o Brasil, no caso de Brendha Evellyn Soares, 19 anos, a mãe do bebê que nasceu com anencefalia (sem cérebro) e morreu um minuto depois, na tarde de quarta-feira (11) em um hospital particular de Cuiabá. Notem bem, apenas 1 minuto de vida que foi defendido com unhas e dentes pelos religiosos. Na realidade, não pensaram no sofrimento da mãe e do bebê, logo, colocaram em evidência a teologia “a vontade de Deus” acima de tudo, apenas reafirmaram suas convicções religiosas.
Devemos, contudo, observar de maneira crítica a situação. Em primeiro lugar, tais teorias religiosas não garantem a estabilidade e segurança de sua população, principalmente no campo da saúde que abrange medidas cruciais como o aborto. Em resumo, a religião é improcedente nesses casos, ela somente causa o entrave de medidas humanas e de escolha pessoal; Ter ou não um filho indesejado diante de uma situação de anencefalia, estupro, perigo à gestante, deve ser Lei garantida pelo ESTADO e jamais os costumes religiosos. O Brasil ainda é muito atrasado nesse aspecto, o nível intelectual de sua população ainda se mantém na idade média, um povo ainda massificado pela servidão ideológica do cristianismo.