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Mensagem  marcello cipullo Ter maio 01, 2012 5:47 pm

TEXTO DEDICADO AOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NA DISCIPLINA DE FILOSOFIA
hic responsum dare non putamus; nos cogitare!
“AQUI NÃO DAMOS A RESPOSTA; FAZEMOS PENSAR !”
TEMA
PLEBIS, PLEBISCITUM: REALMENTE É POVO QUE FAZ A LEI ?
Nota: Escrevo de maneira simples e sem o “pedantismo acadêmico”, logo, podemos comunicar e trocar ideias sem que usemos linguagens difíceis, palavras rebuscadas e por aí vai (...)
Antes de falar alguma coisa sobre o tema, gostaria de saber um pouco mais acerca da palavra “plebiscito”. Em pesquisa feita em meu dicionário Latino-Português, de autoria dos Professores JOSÉ CRETLA JÚNIOR e GERALDO DE ULHOA CINTRA, ambos os filólogos e catedráticos em ciências latinas, vernáculas e Língua Portuguesa, observei o seguinte comentário e significado (se assim preferirem). Vamos ao significado:
PLEBISCITUM: “Decreto ou Lei feita pelo povo sem ouvir antes os votos do Senado.” (p.859)
PLEBIS: “Plebe, terceira classe do povo romano, classe mais vil e desprezível do povo.” (p.859)
Ainda gostaria de partir de uma linha crítica de pensamento. Pensem de forma crítica no significado de PLEBIS, analisem as condições de vida na maioria das civilizações do globo e principalmente nas mais pobres (que são a maioria), seus direitos e condições de vida dentro dos principais aspectos da palavra “povo”. Avaliem as questões; I)-MORADIA – II)-ALIMENTAÇÃO – III)-SAÚDE – IV)-EDUCAÇÃO – V)-SEGURANÇA. Julgo esses 5 itens essenciais à vida humana, onde a ausência de qualquer um deles, mesmo que seja de maneira parcial, acarreta no fatídico destino de caos e morte. Notem: Ninguém consegue viver sem essas condições essenciais.
I - MORADIA
Resumidamente é o local de repouso e proteção para a existência humana, entre as mais frequentes é o local da “célula matter” de uma sociedade, ou seja, a família que é o nascedouro do indivíduo. Sendo assim, nós brasileiros temos estatísticas drásticas e caóticas no setor de habitação; Não quero comparar outras nações do mundo e apenas gostaria de focar o nosso povo e suas mazelas sociais, que não são poucas. Cerca de 12,3 milhões de brasileiros vivem em mais de 3 milhões de palafitas, cortiços, favelas e outras moradias precárias nas principais metrópoles do país, segundo um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2000. Notem que este estudo foi feito há mais de 12 anos e levou um período de 4 anos para ser avaliado, sendo assim, a pesquisa foi iniciada em 1996 e estamos no ano de 2012, portanto 16(dezesseis) anos se passaram. Em 1996 a população era de 147 milhões de habitantes, crescimento acentuado e fora de controle. Hoje, estamos na casa dos 200 milhões, ou seja, o censo 2000 registra um aumento preocupante de 53 milhões em doze anos. O mais alarmante é o seguinte: Temos 54,5 milhões de brasileiros em condições miseráveis de moradia, ou seja, praticamente a mesma taxa de crescimento de 2000-2012. Estamos bem? Estamos mal? Somos o país do futuro? Somos cidadãos no verdadeiro significado da palavra? O que é ser um cidadão no Brasil ? Os dados acima relatados, busquei da seguinte fonte: (www.fetecsp.org)

II – ALIMENTAÇÃO

O corpo não vive sem alimento e ele é indispensável, ou melhor, é vital. Não adianta partir do princípio de que alimentação no Brasil é farta, o Brasil é o celeiro do mundo, terra onde tudo que se planta dá, arroz com feijão é comida do povo, campanha “fome zero”, enfim, tantas tendências e ideologias que fazem confundir a cabeça do estudante. Todavia, os dados são importantes para que tenhamos um panorama parcial do que está acontecendo na realidade; Muitas estatísticas mostram índices de melhorias na alimentação do povo e outros fatores que estão agregados ao alimento (exemplo: Emprego, poder aquisitivo, mercado, etc.). Em contrapartida, temos índices que chocam a opinião pública e colocam em “cheque-mate” toda iniciativa de governos e entidades, principalmente quando falamos de miséria humana decorrente à fome: A fome é a pior das doenças enraizadas na sociedade, ela acarreta uma série de consequências irreversíveis à população. Observem que um povo faminto é pobre, sem cultura (estudo) e consequentemente sem opinião política forte para mudar o quadro de opressão. Raríssimos são os exemplos de mudanças na história, onde a população faminta conseguiu reverter o lado da moeda: Refiro-me à população faminta, em fator exclusivo. (Perguntem ao professor de História geral de sua escola).
O Brasil é um milagre fantasiado da melhor roupa que se chama “País emergente”. Não sou economista, sociólogo, antropólogo, e tampouco filósofo. Sou apenas um graduado em Letras e atualmente estudante de Pedagogia, onde adquiri a licenciatura para trabalhar, sendo para mim, apenas um meio de trabalho. Não sou um exemplo a ser seguido e sou muito “relaxado” no tocante às posturas e diplomações; neste cenário, penso que mais vale um pensador crítico sem diploma, ao diplomado sem crítica e liberdade de expressão.
Pensem nos dados abaixo:
- O que podemos dizer é que cerca de 12,9 milhões de crianças morrem a cada ano no Brasil antes dos 5 anos de vida por falta de alimento (essa situação não muda há décadas);
- 10% das pessoas mais ricas (incluindo políticos) detêm quase toda a renda nacional (cerca de 75-80%) e uma das principais justificativas para a fome é o clima seco, as inundações, as pragas e insetos que acabam com as plantações, a distribuição de terras de forma irregular dentre muitos outros fatores que passam à reforma agrária desde a década de 1930(faz muito tempo, não acham?);
- O Brasil, desde 1987, tem cerca de 50 milhões de miseráveis e 65 milhões de brasileiros (cerca de um terço da população atual) é considerada “mal nutrida”.
Diante dos fatos apresentados, caracterizo a situação da fome no Brasil, insustentável e fora do controle pelas autoridades. Tudo que leio a respeito não passam de medidas “lenitivas”, ou seja, um simples remédio temporário. Fique o aluno, dentro de sua crítica e livre, senhor de seus pensamentos: Podemos dizer que o Brasil é um país promissor, enquanto sua população é miserável? Pode um corpo se libertar do estado de miséria?- O que realmente mantém o Brasil no patamar emergente, é o grosso da população que possui algum tipo de atividade e se mantém permanentemente ativa e contribuinte, ou seja, em torno de 64,5 milhões de brasileiros.
Finalizando, gostaria de enfatizar mais alguns dados ao estudante de filosofia. Esses dados estão mais atualizados:
- 56,8% dos brasileiros possuem renda familiar entre zero e 1(um) salário mínimo. Dentro da taxa de 56,8 acima, 29% ainda vivem com meio salário mínimo. Na ponta de baixo da pirâmide, os 10% mais pobres ganham R$ 82,28 por mês.(pedintes, desempregados, moradores de rua,etc.).O Brasil tem uma coisa de bom nas estatísticas; A grosso modo, somos 90% de pobres contra 10% de ricos, o que ficaria mais fácil de se entender os estudos tão avançados de pesquisa. Os trabalhadores que recebem mais de R$ 3.293,08 (a renda mais baixa dentre os mais ricos do país)- podem comemorar a ascensão aos mais ricos do país, ou seja, 10% da população brasileira.
Dentre os mais ricos, teríamos uma taxa oscilante, entre 0,87 e 1% que não declaram o quanto ganham (e devem ganhar muito dinheiro), ou seja, não passam pelas malhas do fisco brasileiro.
Dados pesquisados:
(http://noticias.r7.com/economia/noticias/metade-dos-brasileiros-vive-com-ate-um-salario-minimo-20100917-html-IBGE-Instituto-brasileiro-de-geografia-e-estatística)

III- SAÚDE
A saúde brasileira está na UTI. Não sou dramático em afirmar tal condição, e basta ver através dos noticiários dos principais meios de comunicação. Não devemos ser parciais, devemos buscar várias fontes e tentar filtrar o maior número de informações possíveis sobre a situação da saúde brasileira. Façamos, contudo, uma retomada de todo o contexto escrito até o momento.
Se o povo brasileiro sofre na moradia e alimentação, consequentemente tem uma saúde de péssima qualidade, logo, seu corpo está em condições muito abaixo do estipulado pela OMS (organização mundial de saúde). Para contribuir ainda mais no agravamento desse quadro caótico, apresentamos um estado de verdadeiro abandono em muitos estados brasileiros; Hospitais sem médicos, sem remédios, sem aparelhos, sem funcionários e atendendo apenas as emergências, ou seja, aguardando somente a expedição dos óbitos de sua população. Estes são fatos reais e não existem pessimismos: Estamos largados no verdadeiro aspecto da palavra abandono.
O geralmente o que acontece para confundir a cabeça do estudante e do povo, são os números noticiados de alguns estados brasileiros onde os hospitais ainda permanecem em atendimento regular. O atendimento regular se caracteriza pelo oferecimento pronto e limitado a certo número de pessoas, porém, longe de ser um atendimento “bom e satisfatório” de qualidade. Trocando em miúdos: para não morrer, atende-se. A situação foge ao controle, segundo a publicação de um site de medicina, que assim se refere:
“Um ex-diretor do Instituto Central do Hospital das Clínicas de São Paulo, o médico Waldemir Rezende, 48, decidiu colocar no papel casos do submundo do maior complexo hospitalar da América Latina. São histórias de superfaturamento, compras sem licitação e furtos, entre outras irregularidades que encontrou no HC quando assumiu o cargo, em dezembro de 2002.”
(http://www.medplan.com.br/materias/2/3969.html)
Diante dos relatos e informações que nos rodeiam diariamente, chegamos à conclusão de muitas histórias em que empresas de “fachada” são montadas em esquemas de desvio e corrupção de recursos do estado. Compram-se: feijão, fio cirúrgico, luvas, camisinhas, canetas, lápis e dezenas de outros itens hospitalares, quase sempre superfaturados ou de má qualidade e sem aplicar nenhuma punição. Esse é o governo que temos? Essa é a saúde que temos? Esse é o político que decide a saúde de sua população?
A situação é de um contraste terrível. Os estudantes que conhecem o contraste da saúde nacional, sabem do abismo que separa as pessoas que possuem bons planos de saúde de empresas particulares, os que possuem planos medianos e os que são atendidos pelo Sistema Único de Saúde. Raríssimos e praticamente inexistentes são aqueles que possuem um Plano de Saúde que cobrirá todas as despesas de um exame ou tratamento de câncer, tratamento intensivo como AIDS. O resto, e podemos chamar de resto, com um orçamento familiar prejudicado ou na extrema pobreza relatada neste texto, conviverá com a doença. É um estado desumano e, como podem ver, o tema sempre será o “Preço que pagamos para sobreviver” num país chamado Brasil.
A história da saúde pública brasileira se confunde com o descompromisso das autoridades competentes e seus governos, arraigados no roubo à população e ao bolso do contribuinte. A falta de uma administração séria e enérgica na distribuição de recursos faz com que as pessoas que deveriam usar o serviço (o povo), esperem nunca precisar do atendimento do SUS,logo, sofrerão com por falta de confiança no sistema e seus profissionais.
IV- EDUCAÇÃO
Não quero falar de merenda escolar e desvios de verbas no fundo da educação, escolas em condições precárias, materiais atrasados e com problemas de conteúdos, salários defasados dos serventuários da educação, etc. Quero pular esta parte, logo, todos já conhecem as condições através dos jornais e da televisão.
Divido a educação em duas partes distintas, a saber:
Educação no sentido das generalidades, assim como o filósofo NIETZCHE conceituou que a escola:
"A instrução pública nos grandes Estados será sempre, quando muito mediana, pelas mesmas razões por que nas cozinhas grandes se cozinha, no melhor dos casos, sofrivelmente"
O brasileiro gosta de exemplos que vêm do exterior e vamos falar de um país exemplo em educação, um país simples que está em primeiro lugar no ranking da educação mundial.
Gostaria de citar o exemplo da Finlândia outra parte distinta, um país onde a UNESCO conceitua como o melhor país do mundo no campo da educação, visto que a sua população é de pouco mais de cinco milhões de habitantes e se comparássemos ao Brasil em termos populacionais, seria quarenta vezes menor. Tudo bem, vai lá, e o estudante pode pensar que a comparação não se aplicaria no caso brasileiro. Todavia, a Finlândia não teve uma cultura opressora enraizada no catolicismo, fato que contribuiu para o pensamento crítico de sua população. Lá, a cultura é levada a sério a partir do seguinte pensamento;
I-) Na Finlândia, qualquer finlandês por mais humilde que seja, considera-se uma pessoa de cultura, ou seja, falar bem, escrever bem, ler bons livros, falar mais de um idioma, são condições inatas ao cidadão.
II-) O Finlandês não precisa estudar para ser alguém na vida, ou seja, ele já se considera “alguém em essência” e por isso estuda.
III-) O estudo é uma consequência de sua consciência de ser humano, não é algo que você precisa adquirir para ter um STATUS, sendo assim, muito comum é observar na Finlândia o fato de pessoas em profissões simples como; empregadas domésticas, varredores de ruas, auxiliares de limpeza, atendentes, balconistas, pedreiros, enfim, detentores de cultura e intelectualidade notável.
IV-) A Finlândia em 1985 descentralizou o seu sistema de ensino e colocou o Professor como principal responsável pelo desempenho de seus alunos: Ele é que avalia seus alunos, identifica os problemas, busca soluções na escola, analisa os resultados. O ministério da Educação desse país, oferece apenas as linhas gerais do conteúdo a ser lecionado e o resto é com o professor e seus métodos pessoais (livros, exercícios e referências múltiplas).
No Brasil, a cultura é condição de status e vestibular, é mercadoria de consumo e elitismo disfarçado de cultura popular: Pessoas ricas têm melhores acessos e os pobres correm atrás das sobras de uma sociedade concorrente pelas melhores posições. Nada difícil de entender o pensamento brasileiro; “...meu filho, estude para ter um emprego, estude para ser alguém na vida.”
Muitos professores e colegas de profissão podem discordar da maneira como vejo a educação, mas, não sou adepto aos vestibulares, não acho que nível superior é o único meio de formar um ser humano capaz, inteligente e crítico. Acredito que o nível superior “fazer uma faculdade” como é propagado aos quatro cantos do Brasil, não é o único fim da educação. Somos mais do que isso, e as escolas deformam o verdadeiro espírito de cultura.
Deveríamos educar nossas crianças de maneira crítica e autoconsciente dos caminhos e possibilidades “fora” da vida acadêmica também. Temos que formar operários conscientes e cultos, empregadas de fábricas, domésticas, atendentes, balconistas, lixeiros, mecânicos, técnicos, enfermeiros, universitários, doutores, professores, cientistas e até políticos que tenham consciência de cultura acima de tudo. O fator de ter consciência de cultura, passa pelo autoconhecimento de que já somos alguém nessa vida, somos seres humanos e em virtude disso, estudamos e absorvemos cultura. Deveríamos acabar com o pensamento que acorrenta e degrada o ensino brasileiro, essa consciência de cultura enlatada e limitada dos vestibulares e que faz da escola um caminho de incertezas.
O aluno brasileiro pobre, aquele que frequenta escola pública da periferia, não encontra campo e oportunidade em “pé de igualdade”. O estudante rico e das escolas particulares abraçam as vagas nas universidades públicas, ou ainda aqueles que conseguem estudar em cursos pré-vestibulares com métodos específicos. Pergunto ao aos alunos: Isso é cultura no verdadeiro aspecto da palavra? O aluno sem condições de prestar um vestibular, ou aquele que não consegue ingressar e concluir o nível superior, qual será o seu destino?
Estamos com o nível baixo e a educação também está na UTI, ela é paciente em fase terminal, repleta de tubos de oxigênio por toda a parte, entubada para fazer as necessidades fisiológicas... Essa seria a melhor metáfora que encontro no momento.
Não gostaria de recorrer às estatísticas do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), onde o problema é que a qualidade do ensino brasileiro é tão ruim que chega a ser humilhante.Dentre os 20 mil alunos brasileiros que fizeram as provas de leitura, ciências e matemática, mais da metade deles fica sempre com a nota mais baixa, o nível 1(equivale a quase zero). Este nível garante o Brasil na posição de 57ª posição dentre 65 participantes. Os últimos países são nações arrasadas pela guerra, onde a população vive em vilarejos ou entocados nas cavernas. Refletindo: O brasileiro lê, escreve, interpreta, pesquisa e calcula mal. A pergunta deveria ser no sentido de continuar uma “farsa” de vestibulares e graduando a todo custo ou investir realmente na educação de qualidade. O governo é o permissionário do “direito” educacional gratuito, mas, quem precisa exigir qualidade para recebê-la? Notem: A Educação de qualidade serve para todos os níveis de instrução! O Brasil não prioriza esse tipo de ensino e seu povo não reconhece o valor da verdadeira educação. Aqui, prevalece uma cultura de ter diploma e ser doutor, ter dinheiro e se levar vantagem... O Brasil está doente em fase terminal e os alunos do curso de filosofia devem refletir sobre o problema.
V- SEGURANÇA
Falar em segurança no Brasil, é fechar o caixão de um defunto. É a realidade nua e crua, onde metáforas são insuficientes para traduzir. O cenário é único; Leis fracas e servidores incapazes, corrupções generalizadas. Não existe perspectiva de melhora, e muitos especialistas apontam para única direção: Pena de Morte.
Quantos morrem de maneira violenta no Brasil a cada dia? A taxa se mantém crescente desde 2005 que chegava aos 50.000 homicídios por ano. Segundo o III Relatório Nacional sobre Direitos Humanos no Brasil, temos a grande ineficácia do Estado perante o aumento da violência, gerando ainda mais violações de direitos humanos e impunidade, além de aumentar o sentimento de insegurança e revolta da população. Qual a saída para uma situação que está fora de controle? O Estado do Ceará, o mais violento do Brasil, matou no primeiro trimestre deste ano, 835 pessoas; No Brasil, morrem 145 brasileiros por dia. Chamemos os padres, pastores, os bispos e toda cristandade para realizarem os velórios e confortarem os familiares dos mortos, assim como fizeram em Realengo-RJ na morte de onze crianças por um maluco fundamentalista; Deus devolverá a vida dessas crianças, assim como fez com seu filho Jesus Cristo? Duvido e aposto que não. Se tivéssemos detector de metais nas escolas de todo o país, as crianças estariam vivas. Aposto mais no detector de metais do que em J.Cristo.
Estudiosos ditam que as causas da violência em geral são de ordem sociológica (fome, desemprego, moradia, educação) que citamos nesse texto. É o que afirmo de maneira insistente: MORADIA – ALIMENTAÇÃO – SAÚDE – EDUCAÇÃO – SEGURANÇA. Na falta desses itens vitais a qualquer sociedade, o caos fica instalado. Existe também a estrutura estatal brasileira, os poderes judiciário, legislativo e executivo em conjunto com a polícia, onde a hegemonia política não garante as condições básicas de segurança. Podemos afirmar que é do Estado que vem a maior das violências: A violência institucional.
Temos mais um motivo para refletirmos nossa situação no cenário político brasileiro. Atualmente o Estado brasileiro discute a reforma do código penal, importantíssimo veículo de manutenção, prevenção e aplicação da ordem social. Para que o estudante tenha consciência da importância desse código, comparamos ao sentido maior da constituição brasileira, o nosso antigo código penal. Ele necessita urgentemente de reformulação total, com leis mais rigorosas aos criminosos de toda ordem e principalmente os ladrões de “colarinho branco”, vulgarmente conhecido como políticos. O nosso Código Penal foi decretado e introduzido em 7-12-1940, Decreto Lei 2.848. Cabe-nos a reflexão através do tempo, dos anos desse código atrasado e ineficaz ao longo de 72 anos de idade, onde a população brasileira não passava de 50 milhões de habitantes. Hoje, chegamos aos 200 milhões e uma população crescente em desgraça, miséria e criminalidade...Temos que fazer algo, temos que mudar a cabeça, temos que exigir do governo uma postura de mudança e ela começa dentro de cada um de nós, através da crítica inteligente e racional.
DIANTE DO QUE FOI APRESENTADO ATÉ O MOMENTO, TERIA A SOCIEDADE BRASILEIRA, CONDIÇÕES DE DICERNIMENTO POLÍTICO PARA PLEITEAR E REALIZAR UM PLEBISCITO?
Antes de pleitear, exigir, votar e escolher, devemos pensar o porquê queremos tal situação. No parágrafo anterior, colocamos a postura de mudança a partir do próprio pensamento crítico e racional, aquele que existe dentro de cada estudante de filosofia, uma disciplina que reaparece no cenário brasileiro depois de quase 40 anos na UTI da educação nacional. O governo autoritário do militarismo enterrou a mais promissora das ciências humanas, aquela que faz o estudante sair da condição embrionária, dentro de um ventre doente chamado educação nacional.
As palavras são duras e devem ferir o estudante, porém, à medida que conseguimos reconhecer a nossa doença da subcultura, galgando através da crítica e da racionalidade o caminho determinado pela filosofia, infalivelmente atingiremos nossos objetivos de uma nação forte, capaz, inteligente e crítica. É como dizia o filósofo NIETZCHE: “Os seres humanos mais elevados são os que são capazes de se auto-superarem.”
Não é fácil alcançar esse estágio de auto-superação e não temos uma receita pronta para mudar a consciência das pessoas e de uma população. Tudo deve começar dentro de cada um, analisando as condições de vida e o que é feito em nosso dia a dia; Vivendo numa sociedade caótica, onde a criminalidade, as desigualdades sociais, a corrupção dos “Donos do poder” e a passividade do povo brasileiro diante desse triste cenário. Algo deve surgir dentro do estudante, alguma indagação crítica, alguma rebeldia de quebrar as regras e de virar o jogo.
Sou eterno estudante, não tenho respostas definitivas, mas, penso diariamente na problemática social que envolve a minha vida de professor; Devo deixar alguma semente, alguma irreverência ao meu aluno e que ele seja capaz de seguir de maneira crítica, multiplicando as cabeças pensantes desse país. Somente assim, mudaremos a sociedade brasileira através do diálogo e incentivo mútuo, uma louvável tentativa de tentar mudar o estado doentio de nosso povo.
O estudante não deve estudar por estudar, tirar notas para satisfazer aos pais e professores; Essa é a pior das alternativas que colocamos na educação. Existem no cenário educacional brasileiro, professores que colocam uma enxurrada de conceitos e discursos sem nexo que mais endossam as fileiras dos vestibulares voltados somente para esse fim, discursos que devido à ignorância e passividade de nossos alunos, ganham a cidadania acadêmica no Brasil inteiro. O estudante deve acordar...
Notem uma coisa: O produto dos métodos decorativos que contempla os exames vestibulares dentro da perspectiva educacional brasileira, apenas consegue formar alunos de notas altas, alunos que tentam salvar a própria pele diante de um futuro incerto: nem todos se tornarão bons médicos, engenheiros, advogados, professores, cientistas, pesquisadores, etc. Não existe espaço para todos, o mercado brasileiro das profissões não consegue oferecer emprego de maneira alinhada e dentro de um programa de governo capaz e eficiente.
O estudante deve entender e estudar para a vida, melhorando o seu pensamento e visão de mundo, exigindo de seus professores melhores posicionamentos diante das disciplinas oferecidas na escola, ou seja, colocar o seu professor na parede diante de embates ideológicos benéficos e produtivos. O aluno precisa saber que tem muita gente falando de maneira confusa, principalmente nas faculdades espalhadas pelo Brasil, ideias fragmentadas, os chavões prontos regados ao engodo literário, muitos professores que não conseguem levar até o fim as palavras que estão discursando. Tudo isso é o Brasil das generalidades, o país dos ecléticos.
Diante desse cenário, o aluno brasileiro não consegue despertar para a verdadeira crítica de si mesmo, ele não está preparado filosoficamente falando. Ele apenas ouve e acha que aquilo que está ouvindo é o correto, ele não está preparado para criticar e discordar. Como poderemos mudar uma sociedade e exigir uma visão clara e coerente de seu povo? Como poderemos exigir de nossos alunos uma atuação crítica em sociedade? Tudo passa pela educação e nesse aspecto estamos embrionados na doença endêmica...
PLEBIS, PLEBISCITUM: REALMENTE É POVO QUE FAZ A LEI ?
Voltemos ao PLEBISCITO...
Tudo que estudamos na escola, aplicamos em nosso dia a dia, a fim de atuarmos no palco da vida ; Temos direitos e deveres, tornamo-nos adultos, exercemos trabalho e estamos sob as mesmas Leis de governo. Diante disso, podemos dizer que o povo brasileiro está preparado para realizar um plebiscito? Outra, O verdadeiro sentido de plebiscito já foi aplicado no Brasil alguma vez? Notem que o verdadeiro aspecto da palavra Plebiscitum é o que vem do povo e sem participação ou votação do governo, ou seja, é a vontade e iniciativa do povo.
"O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?".
Essa foi a consulta popular ao nosso povo brasileiro. Partindo de toda a problemática exposta neste texto que escrevo, diante da consciência crítica que o nosso povo deveria ter e não tem, concluo: O POVO BRASILEIRO NÃO TEM DISCERNIMENTO E VISÃO ABRANGENTE DO PAÍS EM QUE VIVE, DA CAOTICIDADE DE TODAS AS INSTITUIÇÕES QUE SE DIZEM POPULARES, DE TODOS OS SETORES QUE ENVOLVEM OS CINCO ÍTENS ESTUDADOS NESSE TEXTO (MORADIA-ALIMENTAÇÃO –SAÚDE – EDUCAÇÃO – SEGURANÇA). Somente com muita filosofia curativa e salutar tentaremos mudar esse quadro. Cabe ao estudante partir nesse caminho da autocrítica, ao “Conhece-te a ti mesmo” como inspiração de Sócrates na construção de sua filosofia. Assim deve ser o aluno, buscando o autoconhecimento que a mãe filosofia permite trilhar. Um abraço aos alunos e bons estudos!

Do amigo Marcello

marcello cipullo

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